9 de julho é feriado só em São Paulo: entenda a Revolução Constitucionalista e quem trabalha em 2025

9 de julho é feriado só em São Paulo: entenda a Revolução Constitucionalista e quem trabalha em 2025

Em 9 de julho de 2025, São Paulo vai parar. Mas o resto do Brasil? Vai continuar como se nada tivesse acontecido. É que, embora o dia marque um dos momentos mais importantes da história paulista — a Revolução Constitucionalista de 1932 —, ele não é feriado nacional. Nada de ponto facultativo no Rio, em Minas, nem no Amazonas. Só em São Paulo. E isso não é novidade. É tradição. Mas muita gente ainda confunde. Afinal, por que um estado inteiro para, enquanto o país todo segue em frente?

Por que São Paulo para no 9 de julho?

A resposta está no sangue de quatro jovens. Em 23 de maio de 1932, a polícia matou Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo — as iniciais M.M.D.C. — durante um protesto pacífico no centro de São Paulo. Eles eram estudantes. Não armados. Não violentos. Só queriam que o governo de Getúlio Vargas devolvesse a constituição, suspensa desde o golpe de 1930. A morte deles virou símbolo. E em 9 de julho, quando o estado inteiro se levantou em armas contra o governo provisório, a revolta já não era só de São Paulo — era de todos que acreditavam na democracia.

Quase 30 mil pessoas se juntaram às forças paulistas. Milhares morreram. O movimento foi derrotado militarmente, mas venceu politicamente. Em 1934, uma nova constituição foi promulgada. E o 9 de julho virou data sagrada no estado. Hoje, é lembrado como a maior mobilização popular da história do São Paulo. Ainda que o país não reconheça oficialmente, para os paulistas, é mais que um feriado. É memória. É identidade.

Como fica o comércio e os bancos em 2025?

Segundo o Decreto nº 64.005/25, publicado pela Prefeitura de São Paulo em janeiro de 2025, todos os órgãos públicos municipais fecham. Mas o que acontece com o resto? Os bancos? As lojas? Os shoppings?

As agências bancárias estarão fechadas. Nenhum atendimento presencial. Mas você ainda pode pagar contas, transferir dinheiro ou fazer compras pelo Pix — o sistema de pagamentos instantâneos que virou o coração da economia digital brasileira. Caixas eletrônicos funcionam normalmente. O que não funciona é o balcão. Nem o cartão de crédito em lojas físicas, se o estabelecimento decidir fechar.

No varejo, a regra é flexível. Lojas de rua e shoppings podem abrir, mas com horário reduzido — geralmente das 12h às 20h, como em um domingo comum. O setor recomenda que os consumidores verifiquem os horários nas redes sociais ou sites das lojas antes de sair de casa. Nada de surpresas. Nada de filas vazias.

E nos outros estados? O que acontece?

Fora de São Paulo, tudo continua como sempre. Bancos abertos. Empresas funcionando. Supermercados lotados. A única exceção é o Rio de Janeiro. Por causa da Cúpula do BRICS 2025, o governo estadual decretou ponto facultativo em 4 de julho e expediente suspenso em 7 de julho — apenas para servidores públicos da cidade. Serviços essenciais, como saúde e segurança, continuam operando normalmente. Nada de fechar a cidade inteira. Só ajustes pontuais.

Em nenhum outro estado do país o dia 9 de julho tem qualquer efeito legal. Nenhum decreto. Nenhuma suspensão. Nenhuma alteração no calendário de trabalho. Apenas em São Paulo a data é obrigatoriamente feriado — e isso é lei estadual, não federal.

Quem precisa trabalhar mesmo assim?

Quem precisa trabalhar mesmo assim?

A revista Veja lembra que, mesmo em feriados estaduais, a legislação permite exceções para serviços essenciais. Médicos, enfermeiros, bombeiros, policiais, funcionários de hospitais, coleta de lixo, transporte público e até atendentes de farmácias podem ser chamados para trabalhar. Mas não de graça.

Se você for obrigado a trabalhar no 9 de julho em São Paulo, tem direito a um de dois benefícios: ou recebe o salário em dobro, ou recebe um dia de folga em outro momento. É direito garantido pela CLT. E muitos empregadores, especialmente no setor público, já adotam o regime de compensação — o que evita custos extras e mantém o clima de respeito.

Isso vale para qualquer feriado. Mas aqui, no São Paulo, o peso simbólico é diferente. Muitos trabalhadores — mesmo os que precisam trabalhar — param por respeito. Alguns levam flores ao Monumento às Bandeiras. Outros visitam o Museu do Ipiranga. É uma forma de dizer: não esquecemos.

Quais são os próximos feriados nacionais?

Depois do 9 de julho, o próximo feriado nacional só vem em 7 de setembro — Independência do Brasil. E aí vem a surpresa: cai num domingo. Depois disso, mais três feriados nacionais caem em fim de semana: 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados) e 15 de novembro (Proclamação da República). Só em 20 de novembro — Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra — teremos um feriado prolongado real, porque cai em quinta-feira. É a data que homenageia Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da América Latina, que resistiu por mais de um século antes de ser destruído em 1694. Seu assassinato, em 20 de novembro de 1695, virou símbolo da luta contra a escravidão. E hoje, em pleno 2025, ainda é a única data nacional que promete um feriado de verdade.

Frequently Asked Questions

Por que o 9 de julho não é feriado nacional?

O 9 de julho é um feriado estadual, não nacional, porque a Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento específico de São Paulo, embora tenha tido impacto nacional. A legislação federal só reconhece feriados com relevância para todo o país, como Independência ou Tiradentes. Cada estado pode criar seus próprios feriados, e São Paulo escolheu manter essa data como símbolo de sua luta por democracia.

E se eu moro em São Paulo mas trabalho em outro estado?

Se sua empresa está sediada fora de São Paulo, você não tem direito automático ao feriado. A regra é a do local onde o contrato de trabalho é exercido. Ou seja, se você trabalha no Rio ou em Belo Horizonte, mesmo morando em SP, o dia 9 de julho é um dia normal. Mas se você trabalha em uma filial de uma empresa paulista, aí vale a regra do estado onde o serviço é prestado.

O que acontece se uma loja abrir no 9 de julho em São Paulo?

Nada. Não há punição legal. A lei estadual permite o funcionamento facultativo, especialmente em comércios. Mas o setor varejista recomenda respeitar o feriado por respeito à tradição. Muitos consumidores evitam lojas que abrem nesse dia, e o prejuízo de imagem pode ser maior que o lucro. O ideal é informar claramente os horários e respeitar os funcionários que querem folga.

Como os estudantes de São Paulo celebram o 9 de julho?

Muitas escolas e universidades realizam cerimônias cívicas, exposições e debates sobre a Revolução Constitucionalista. O M.M.D.C. é ensinado como um exemplo de coragem cívica. Em 2025, o Memorial da América Latina e o Museu Paulista terão programações gratuitas, incluindo leituras de cartas dos revolucionários e projeções de imagens históricas. É um dia para refletir, não só para descansar.

Existe alguma tentativa de tornar o 9 de julho feriado nacional?

Sim, mas sem sucesso. Projetos de lei já foram apresentados no Congresso Nacional, principalmente por deputados de São Paulo, mas não avançam. O argumento principal contra é que o movimento foi regional, e transformá-lo em feriado nacional desvalorizaria outras lutas nacionais. Ainda assim, a pressão cultural é forte — e em 2032, quando se completam 100 anos da revolução, pode haver nova tentativa.

Por que o M.M.D.C. ainda é tão importante hoje?

Porque representa a força da juventude contra a opressão. Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo tinham entre 17 e 22 anos. Não eram políticos. Não tinham poder. Mas ousaram se levantar. Hoje, o M.M.D.C. é usado em manifestações estudantis, em campanhas de direitos civis e até em redes sociais como símbolo de resistência pacífica. É um legado vivo — e não apenas um nome em uma placa.

10 Comentários

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    Leandro Fialho

    novembro 1, 2025 AT 08:34

    9 de julho em SP é mais que feriado, é sentimento. Meu avô participou da revolta e nunca mais falou disso, mas todo ano colocava uma fita vermelha no carro. Acho que ele não precisava explicar. A gente sentia.

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    David Costa

    novembro 2, 2025 AT 20:42

    Se você acha que só São Paulo tem história, tá errado. Mas não dá pra negar que esse dia pesa. Quando eu era criança, minha escola ia ao Museu do Ipiranga e a gente ouvia as cartas dos revolucionários. Não era só decorar data, era entender que gente jovem, sem arma, enfrentou um regime. Hoje, os jovens só reclamam de fila no banco. É triste ver a memória se apagar entre memes e TikTok.

    Tem gente que fala que é regionalismo, mas aí pergunta: por que o 2 de julho na Bahia é feriado? Por que o 9 de julho no Rio Grande do Sul não é? Porque cada lugar tem seu sangue. E SP escolheu lembrar. Isso merece respeito, não ironia.

    Se o Brasil inteiro parasse em 9 de julho, talvez a gente lembrasse que democracia não é presente, é luta. E luta tem preço. E esse preço foi pago por quatro garotos que só queriam a constituição de volta. Hoje, a gente tem constituição, mas não tem coragem de defendê-la. É mais fácil ficar no silêncio.

    Na minha cidade, tem um monumento com os nomes deles. Todo ano, os alunos colocam flores. Ninguém obriga. É espontâneo. Isso é o que importa. Não a lei. Não o decreto. O que fica na alma.

    Quem diz que é só propaganda política não entende o que é memória coletiva. É isso que nos diferencia de um país que esquece tudo depois do fim de semana.

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    Maria Luiza Luiza

    novembro 4, 2025 AT 20:21

    Claro, só SP é importante. O resto do Brasil é só fundo de cena. E eu tô aqui no Rio, pagando IPVA, e ninguém me pergunta se quero feriado. Mas tudo bem, eu também não ligo. Só não me venha com essa história de "identidade" quando seu estado só celebra quando tem vantagem fiscal.

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    Jailma Andrade

    novembro 5, 2025 AT 17:52

    É curioso como a gente esquece que a Revolução de 1932 foi feita por pessoas que queriam justiça, não poder. Hoje, todo mundo quer ser presidente, mas ninguém quer lembrar dos que morreram por direitos básicos. O M.M.D.C. não é um símbolo de São Paulo, é um símbolo de quem se recusa a se calar. E isso não tem fronteira.

    Se você mora em outro estado e trabalha em SP, tem direito ao feriado. Se você mora em SP e trabalha em outro estado, não tem. Isso é lógico? Não. Mas é a lei. O que importa é respeitar quem escolheu parar. Não é sobre regiões, é sobre humanidade.

    Quem acha que é exagero, vá ao Monumento às Bandeiras em 9 de julho. Veja as flores. Veja os silêncios. Veja as mãos tremendo segurando bandeiras velhas. Não é política. É memória viva.

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    Thiago Silva

    novembro 7, 2025 AT 17:04

    Eu trabalho no centro de SP e todo ano tenho que ir. Mas eu não reclamo. Porque quando eu passo na Praça da Sé e vejo os estudantes cantando o hino, eu lembro da minha avó, que me contava como ela viu os soldados passarem em 1932. Ela tinha 12 anos. E dizia: "não era guerra, era esperança".

    Hoje, a gente tem Pix, app de transporte, Netflix. Mas não tem mais esse tipo de esperança. O 9 de julho é um lembrete de que a gente já foi capaz de se levantar por algo maior. E isso ainda pode voltar.

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    Willian de Andrade

    novembro 9, 2025 AT 03:16

    o 9 de julho é feriado só em sp mas no rio eles tem o brics entao ta tudo bem kkkkkkk

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    Eduardo Mallmann

    novembro 10, 2025 AT 08:16

    Na verdade, a Revolução Constitucionalista de 1932 não foi uma luta pela democracia, mas sim uma tentativa de restauração de um sistema oligárquico que havia sido interrompido pelo golpe de 1930. Os paulistas não buscavam direitos universais - buscavam poder regional. A constituição de 1934 foi uma concessão tática, não uma vitória moral. A memória coletiva foi moldada por narrativas hegemônicas que transformaram uma disputa política em mito cívico. O culto ao M.M.D.C. é, em essência, uma construção simbólica de identidade estadual, não um ato de resistência universal.

    Quem glorifica esse movimento ignora que ele foi financiado por fazendeiros de café, que queriam recuperar sua influência perdida. Os estudantes foram usados como mártires. E hoje, essa narrativa é reforçada por escolas, mídia e políticos que se beneficiam da emoção coletiva. A verdade é mais complexa. Mas a emoção é mais fácil de vender.

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    José Vitor Juninho

    novembro 10, 2025 AT 10:24

    Eu entendo o ponto do Eduardo. Mas... eu acho que, mesmo que tenha sido uma disputa política, o que importa hoje é o que isso representa para as pessoas. Não é sobre quem tinha razão ou não. É sobre o que aquilo deixou. Eu fui à exposição no Museu Paulista ano passado e vi uma carta escrita por um garoto de 18 anos, dizendo que não tinha medo de morrer, mas tinha medo de viver num país sem leis. Isso me partiu o coração. Não importa se ele era de São Paulo ou se era de um grupo de interesse. Ele acreditava. E isso ainda inspira. E talvez seja isso que a gente perdeu: a coragem de acreditar, mesmo sem garantias.

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    Timothy Gill

    novembro 10, 2025 AT 14:30

    Então se 9 de julho é feriado em SP por causa de quatro garotos mortos então 20 de novembro é feriado por causa de um guerreiro que morreu em 1695 mas ninguém sabe se ele existiu mesmo

    o que é real o que é mito o que é propaganda o que é história

    todos os feriados são inventados

    o que importa é se você sente

    se você sente então é verdade

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    Sandra Blanco

    novembro 11, 2025 AT 01:31

    Se é só em São Paulo, então que fique só em São Paulo. O resto do país tem coisas mais importantes para celebrar. Não adianta inventar feriado só pra se achar importante.

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