Na noite de terça-feira, 16 de dezembro de 2025, o Barcelona superou as dificuldades e derrotou o CD Guadalajara por 2 a 0 no Pedro Escartín, avançando para as oitavas de final da Copa do ReiGuadalajara. Os gols de Andreas Christensen aos 76 minutos e Marcus Rashford aos 90 minutos selaram a classificação dos blaugranas — mas o caminho até lá foi bem mais complicado do que qualquer um imaginava.
Um atraso que quase cancelou o jogo
O jogo nem chegou a começar no horário marcado. Aos 20:30, com a torcida já no estádio e os jogadores aquecendo, a arbitragem anunciou um atraso de 30 minutos. O motivo? A falta de documentação válida para o novo setor temporário instalado atrás de um dos gols. O CD Guadalajara, que normalmente recebe 6 mil torcedores, havia ampliado a capacidade para 8.500 — 1.500 novos assentos em uma estrutura temporária, mais 1.000 de uma arquibancada já existente. Sem a autorização da federação, 2 mil pessoas seriam obrigadas a sair. A tensão cresceu. Torcedores gritavam. Os jogadores voltaram ao vestiário. A solução veio com apenas 15 minutos de atraso: a documentação foi finalmente validada. A partida começou, mas o clima já estava carregado.
Guadalajara: o sonho de um time de terceira divisão
Quem viu o CD Guadalajara em campo não viu apenas um adversário fraco. Viu uma história de superação. Em 2021-22, o clube jogava na quinta divisão espanhola. Hoje, está na Primera Federación, a terceira categoria, e ocupa a 17ª posição com apenas 17 pontos em 16 jogos. Na rodada anterior, perdera por 3 a 1 para o Real Madrid Castilla. Mesmo assim, vendeu todos os 8.500 ingressos. O estádio vibrou. A torcida cantou como se fosse uma final. O técnico montou um 4-4-2 com o goleiro Vicente González e os zagueiros López, Martínez, Casado e Ablanque, que se sacrificaram até o fim. Eles não tinham estrelas. Tinham coração.
Barcelona: domínio, mas sem fluidez
O Barcelona entrou como favorito absoluto. Líder da LaLiga com quatro pontos de vantagem, com sete vitórias em oito jogos e sob o comando de Hansi Flick, que já havia levantado a taça na temporada passada contra o Real Madrid. Mas o time não jogou bem. A bola não rolava. Os passes errados se acumulavam. O meio-campo, sem a presença de Gavi e Pedri, parecia perdido. O ataque, com Rashford como ponta, não encontrava espaços. O primeiro tempo foi um monólogo de posse de bola, sem perigo real. O segundo tempo começou da mesma forma — até que, aos 76 minutos, um cruzamento de Ferran Torres encontrou Andreas Christensen no segundo poste. O zagueiro dinamarquês, raramente ameaçador ofensivamente, cabeceou com força. O estádio caiu. O silêncio foi total. Mas a festa ainda estava longe.
O gol da despedida e a emoção do final
Quando o relógio marcava 89:30, o Barcelona teve uma chance clara. Uma bola na área, confusão, e o atacante Marcus Rashford — que havia entrado no segundo tempo — desviou com o pé esquerdo. A bola bateu no travesseiro e entrou. O estádio não gritou. Apenas respirou fundo. O árbitro apitou. O jogo acabou. O CD Guadalajara se abraçou no gramado. Alguns choraram. Outros aplaudiram de pé. E o Barcelona celebrou com moderação. Não foi uma vitória elegante. Foi uma vitória de sobrevivência.
Um recorde em jogo
Com este triunfo, o Barcelona se aproxima do recorde histórico de títulos da Copa do Rei: 32. Se vencer a competição nesta temporada, será o primeiro clube da história a conquistar 33 taças. E não é só isso. O time já está na semifinal da Liga dos Campeões e lidera a liga com uma diferença confortável. Flick, que chegou em 2024, já transformou o time em uma máquina de resultados — mesmo quando não joga bem.
Quem vem aí?
Agora, o Barcelona aguarda o sorteio das oitavas. Os rivais possíveis incluem o Sevilla, o Real Sociedad ou até mesmo um time da Segunda Divisão que surpreendeu. A pressão aumenta. O calendário aperta. Mas o time tem confiança. E, mais importante, tem experiência. Enquanto isso, o CD Guadalajara volta ao seu mundo — o da luta por manter a categoria. Mas, depois desta noite, ninguém vai mais chamá-lo de “simplesmente um time da terceira divisão”.
Frequently Asked Questions
Como o CD Guadalajara chegou até a fase de 32 da Copa do Rei?
O CD Guadalajara avançou ao derrotar o Cacereno e a Ceuta nas rodadas anteriores, superando times da mesma divisão e até alguns da Segunda B. Apesar de estar na 17ª posição da Primera Federación, o clube teve um desempenho impressionante na competição, mostrando que a Copa do Rei ainda é um terreno onde times menores podem brilhar.
Por que o jogo teve 30 minutos de atraso?
O atraso ocorreu porque o estádio Pedro Escartín havia instalado uma arquibancada temporária para aumentar a capacidade de 6 mil para 8.500 lugares, mas a documentação técnica de segurança não estava completa. A federação exigia certificação de engenharia para a estrutura, e sem ela, 2 mil torcedores seriam excluídos. A aprovação só veio após inspeção emergencial.
Qual é a importância do gol de Christensen para o Barcelona?
Christensen raramente marca, mas seu gol foi crucial: foi o primeiro dele na temporada em competições oficiais e o que abriu o caminho para a classificação. Em uma partida onde o ataque não funcionava, o zagueiro demonstrou que o Barcelona conta com jogadores que podem decidir em momentos decisivos — mesmo os menos esperados.
Rashford está se adaptando bem ao Barcelona?
Sim. Depois de uma adaptação inicial difícil, Rashford já marcou quatro gols em sete jogos desde sua chegada em agosto. Seu ritmo, velocidade e capacidade de finalização o tornaram uma opção vital no contra-ataque. O gol contra o Guadalajara foi o quarto dele como titular, e o técnico Flick já o considera peça-chave para a reta final da temporada.
O Barcelona pode conquistar a Copa do Rei pela 33ª vez?
É possível — e provável. Com a liderança na LaLiga, o time está em ótima fase. A equipe tem mais experiência, profundidade e qualidade que qualquer adversário nas oitavas. Se mantiver a consistência e evitar lesões, o Barcelona tem tudo para chegar à final, onde enfrentará o vencedor entre Real Madrid, Sevilla ou outro grande nome.
O que o futuro reserva para o CD Guadalajara?
Apesar da eliminação, o clube ganhou visibilidade nacional e internacional. A imprensa espanhola já começa a falar em investimentos e modernização. O técnico está em negociação para renovar, e a torcida, que lotou o estádio, exige mais. O próximo passo é manter a categoria e, idealmente, lutar por um lugar nos playoffs de promoção. A Copa do Rei foi apenas o começo.
Gilvan Amorim
dezembro 18, 2025 AT 16:40Essa vitória do Barcelona foi mais uma prova de que futebol não é só sobre técnica, é sobre resistência. O Guadalajara jogou como se tivesse algo a provar, e isso pesa mais do que qualquer estatística. O time da terceira divisão fez o favorito suar. E isso, meu amigo, é o que torna o futebol sagrado.
Se o Barcelona vence por 2 a 0 e ainda assim ninguém comemora como se fosse uma conquista, é porque todo mundo sentiu: isso não foi um jogo. Foi um ritual de humildade.